O Natal de Ana dos Cabelos Ruivos

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

 


O Livro

"Marilla e Matthew decidem adotar um menino para os ajudar nas tarefas da quinta, mas, ao invés, é-lhes confiada uma menina ruiva, de 11 anos: Ana. Assim, os pais - que apesar de simpáticos são algo austeros - veem-se confrontados com a natureza expansiva, a curiosidade, a imaginação peculiar e a conversa ágil da menina, que a pouco e pouco vai vencendo a relutância com que é recebida na sua nova casa. Ana e os pais adotivos são como que dois mundos diferentes, cuja convivência resulta em momentos hilariantes! O espírito combativo e questionador de Ana logo atrai o interesse da população local - além de todo o tipo de problemas…  (via Bertrand)"

A novela gráfica do livro "Ana dos Cabelos Ruivos" de Lucy Maud Montgomery encontra-se na Biblioteca, disponível para requisição.

Se quiserem ver, em vez de ler, a série animada "Ana dos Cabelos Ruivos" está disponível dobrada em português europeu no YouTube: 


E, se tiverem subscrição da Netflix, a adaptação mais recente da história está disponível na plataforma:


A Tradição

Na noite de Natal, Ana e os seus amigos participam num concerto de música e declamação de poesia, uma tradição antiga que preenchia os serões de Natal de muitas famílias e lhes proporcionava momentos de partilha e comunhão. 

Se quiserem fazer uma pequena sessão de declamação de poesia, podem encontrar aqui alguns poemas portugueses festivos, dos quais selecionámos os nossos preferidos:

Dia de Natal de Luísa Ducla Soares
Hoje é dia de Natal
Mas o Menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.
Recebi cinco binquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre Menino Jesus,
Faz anos e está despido.
Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.
Os reis de longe lhe trazem
Tesouro, incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.
Às escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.

Este menino de Maria Alberta Menéres
Este Menino
é pequenino,
qual passarinho
a querer poisar
devagarinho.
Devagarinho
poisa no ninho
que o colo tem:
ninho do colo
da sua mãe.

Eu queria ser Pai Natal de Luísa Ducla Soares
Eu queria ser Pai Natal
E ter carro com renas
Para pousar nos telhados
Mesmo ao pé das antenas.
Descia com o meu saco
Ao longo da chaminé,
Carregado de brinquedos
E roupas, pé ante pé.
Em cada casa trocava
Um sonho por um presente
Que profissão mais bonita
Fazer a gente contente!

Poema de Natal de Fernando Pessoa
Natal… Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

A Noite de Natal de Mário de Sá-Carneiro
Em a noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.
Vão se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.
Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.
– Deu-lhes sim, muitos bonitos.
– Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.

Natal Chique de Vitorino Nemésio
Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.

Natal de Bocage
Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.
Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.
Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.
Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.